quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O tempo fechou e eu chorei

Dias chuvosos com nuvens cinzas definem o meu humor na maior parte da vida, o tempo fechado como um sorriso calado me mostram que na vida nem mesmo as coisas simples são perfeitas. Perfeição que buscamos no amanhecer mas que o tempo nublado não deixa trazer nada. As gotas de chuva caem molhando meu rosto como pequenos dedinhos que fazem um carinho extra na minha alma, fria e solitária, e que a cada gota tenta se sentir amada. O mundo me diz "não" e assim penso que devo desistir, a chuva vem me mostrando que sou água, e devastarei tudo que impede minha chegada. Tento sorrir, e nesse esforço o céu se abre mostrando o sol, ainda envergonhado atrás de umas nuvens, mas não posso forçar tanto, e com minha cara fechada o céu se amarra e desata a cair. Sou tempestade que destrói tudo por onde passa, uma expansão que passa dos limites do céu e busca penetrar nesse véu que está para além de tudo. Começo a me confortar em meio a confusão e tudo que causei foi devastação, mas não vou parar, como um céu que desaba em um temporal, eu vou continuar correndo atrás do que é meu. Mesmo sem sorriso no rosto, a chuva me acompanha disfarçando as lágrimas, escorrendo para minha boca, realçando seu gosto. O céu fechado me ajuda,  carregando amarguras e desgostos para que eu possa usar como esboço de uma vitória tão almejada, assim continuarei caminhando solitário, feito água da chuva que corre desenfreada até o mar. E quando chegar no meu mar, me jogo sem olhar pra trás, abandono todos os hábitos, todos os vícios, para que se abra, junto a um sorriso, a imensidão do céu.