domingo, 14 de fevereiro de 2016

Toca do coelho

A gente brinca de esconder, como duas crianças fugindo com seus brinquedos, guardamos bem fundo aquilo que queremos realmente sentir, mas por quê? medo, talvez, medo do que pode acontecer quando juntarmos essas bombas de energias inconstantes, pode explodir muito mais do que estamos preparados para aguentar, por isso fazemos esse jogo, vou te mostrando de pouquinho em pouquinho e você vai se doando de migalha em migalha, no entanto nunca chegaremos a um nível comum, mas essa diferença é que dá graça a tudo o que fazemos. Como duas crianças que descobrem o mundo, descobrimos um ao outro e caindo na toca do coelho nos perdemos no tempo, e todas as brincadeiras não possuem sentido, mas com você me jogo cada vez mais fundo, e quanto mais tentamos esconder, mais nos adentramos e partilhamos cada pedaço de nossos corpos, e assim os brinquedos não se fazem necessários, pois no fim desse poço não precisaremos de mais nada. E caso você realmente queira, ficarei para te fazer companhia, mas se não estiver a vontade, volte ao começo, junte seus brinquedos e vá embora, me deixando aqui para descobrir um mundo que só existe em minhas fantasias.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Crises


Ansiedade corrói meu tempo, minha energia e minha vida. Faz com que tudo se arraste transformando segundos em minutos, e minutos em horas. Quero alivio desse sentimento que torce e retorce minhas entranhas, não me deixando em paz comigo. Não adianta procurar ajuda, não é algo que possa ser compartilhado, e a cada segundo me puxa mais para dentro da imensidão de algo que não quero conhecer. Inicia-se um turbilhão de coisas que quero tirar de mim, mas tudo é tão denso que nunca irá sair e minha única resposta chorar descontroladamente buscando sossego. Sinto apertar em meu peito, como uma mão apertando meu coração enquanto abraça meus pulmões, já não consigo respirar, e toda tentativa de recuperar o fôlego é falha. Tudo continua piorando e o mundo ao meu redor já não tem mais ponto fixo, ele gira como um carrossel sombrio me arrastando para seu centro. O abraço aperta mais, tento gritar e nada sai, fechar os olhos não adianta, não sei mais o que fazer e de repente tudo acaba, como se nada tivesse acontecido. Olho o relógio e não se passaram cinco minutos, foi só mais uma crise de ansiedade, desejo que não se torne tão frequente, mas não posso evitar, já sinto o mundo desacelerar e algo voltando a me apertar.