segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Tempo Noturno

A leveza do sol deitando-se para deixar abrir o céu noturno.
A cidade corre para todos os lados a passos soturnos.
Eu fico na minha paz com meu cigarro vagabundo.
Vejo todos passando apressados, jogados ao mundo.
Da janela do segundo andar busco sossego.
O que eu mais queria talvez fosse um chamego.
Nesse mundo me jogo atrás de apego.
Sob as estrelas caminho sem rumo.
Paro, reparo e aperto um fumo.
Puxo, prenso, seguro e passo.
Volto a seguir, hesitando por todo espaço.
Percebo seu olhar, em meio a multidão.
Busco seguir seu rumo sem direção.
A um beijo seu então me rendi.
E nesse momento me perdi.
Me leve embora em qualquer direção.
Tire me de perto dessa multidão.
Vamos para minha casa através do espaço.
Ritmo acelerando, aumentamos o passo.
Para nos acompanhar, acendemos um fumo.
Aperto sua mão, enquanto achamos o rumo.
A cada segundo juntos percebo que mais me apego.
Te abraço forte e finalmente consigo um chamego.
Junto de ti tenho encontrado meu sossego.
Para te achar não precisei dar a volta no mundo.
E sei que passarei a noite sendo seu vagabundo.
Mesmo que na manhã seguinte nossos olhares soturnos.
Abrão a aurora dando adeus ao céu noturno.


domingo, 14 de fevereiro de 2016

Toca do coelho

A gente brinca de esconder, como duas crianças fugindo com seus brinquedos, guardamos bem fundo aquilo que queremos realmente sentir, mas por quê? medo, talvez, medo do que pode acontecer quando juntarmos essas bombas de energias inconstantes, pode explodir muito mais do que estamos preparados para aguentar, por isso fazemos esse jogo, vou te mostrando de pouquinho em pouquinho e você vai se doando de migalha em migalha, no entanto nunca chegaremos a um nível comum, mas essa diferença é que dá graça a tudo o que fazemos. Como duas crianças que descobrem o mundo, descobrimos um ao outro e caindo na toca do coelho nos perdemos no tempo, e todas as brincadeiras não possuem sentido, mas com você me jogo cada vez mais fundo, e quanto mais tentamos esconder, mais nos adentramos e partilhamos cada pedaço de nossos corpos, e assim os brinquedos não se fazem necessários, pois no fim desse poço não precisaremos de mais nada. E caso você realmente queira, ficarei para te fazer companhia, mas se não estiver a vontade, volte ao começo, junte seus brinquedos e vá embora, me deixando aqui para descobrir um mundo que só existe em minhas fantasias.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Crises


Ansiedade corrói meu tempo, minha energia e minha vida. Faz com que tudo se arraste transformando segundos em minutos, e minutos em horas. Quero alivio desse sentimento que torce e retorce minhas entranhas, não me deixando em paz comigo. Não adianta procurar ajuda, não é algo que possa ser compartilhado, e a cada segundo me puxa mais para dentro da imensidão de algo que não quero conhecer. Inicia-se um turbilhão de coisas que quero tirar de mim, mas tudo é tão denso que nunca irá sair e minha única resposta chorar descontroladamente buscando sossego. Sinto apertar em meu peito, como uma mão apertando meu coração enquanto abraça meus pulmões, já não consigo respirar, e toda tentativa de recuperar o fôlego é falha. Tudo continua piorando e o mundo ao meu redor já não tem mais ponto fixo, ele gira como um carrossel sombrio me arrastando para seu centro. O abraço aperta mais, tento gritar e nada sai, fechar os olhos não adianta, não sei mais o que fazer e de repente tudo acaba, como se nada tivesse acontecido. Olho o relógio e não se passaram cinco minutos, foi só mais uma crise de ansiedade, desejo que não se torne tão frequente, mas não posso evitar, já sinto o mundo desacelerar e algo voltando a me apertar.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Em meio a rua lotada, sentei e esperei


Ele está atrasado, acho que nem deve vir mais. Eu devia ir embora e tanto faz, mas quero ficar esperando aqui feito trouxa, não sei quando terei outra oportunidade para estar com ele. Respiro, olho para os lados e nada, somente pessoas estranhas correndo em sua rotina, mesmo num domingo todos estão apressados, acendo um cigarro enquanto continuo esperando, se eu terminar de fumar esse e ele não chegar, vou embora e não quero mais saber, mas não foi preciso; lá está ele caminhando em minha direção, com toda formosura e meu coração se alegra repentinamente. Não quero demonstrar emoções mas também não consigo conter um grande sorriso. Nos cumprimentamos com um beijo e saímos a caminhar conversando coisas normais da vida, quando ele pega em minha mão meu coração da outro salto e já não sei como lidar com a situação, não sei o que falar e o silêncio paira. Observo seus olhos naturalmente semicerrados, que traz uma leveza ao rosto firme, me concentro em seus lábios, não posso resistir ao impulso de beijar-lhe, queria mais tempo, queria mais tudo, queria sentir cada milímetro seu, mas não sei o que fazer, a cada minuto que passamos juntos, busquei controlar todas as emoções que podiam me trazer sentimentos ruins, mas estar ali era só o que eu precisava. Não consigo não pensar em como tudo vai suceder e preciso pensar um plano, mas não irá durar mais duas horas, só devo aproveitar. O resto virá em consequência, pois como já foi dito antes por alguém "temos todo tempo do mundo". Então talvez não seja hoje, nem amanhã, mas como sempre fiz, esperarei, pois a vida nos traz surpresas cada vez melhores e assim espero que como a surpresa que foi te conhecer tenha a surpresa a voltar a te ver.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Grandes olhos pidões

"Seu olhar me conquistou, esses grandes olhos pidões" ele disse. A cada palavra algo revirava dentro de mim, não podia suportar isso sem refletir que não posso controlar meus olhares. Desconcertado, viro pro lado, quero me enterrar, quero fugir mas não tenho como.

Meus grandes olhos sempre foram motivo de preocupação, são minha principal porta com o mundo, mas nunca tive a minima noção de que podia afetar as pessoas. "Olhos pidões" ele disse, isso deve estar correto, no entanto, não sei o que estou pedindo, pois sempre me encontro a beira de um colapso e se peço algo é socorro e não afeto. Nunca soube lidar comigo, e como pode apenas um olhar atrair alguém mesmo que não tenha feito absolutamente nada. Quero que esse momento passe logo, quero cerrar meus olhos e me esconder do mundo, deitar em minha cama  e poder chorar, deixar toda a dor correr e gritar que me deixe em paz.
Estes grandes olhos são capazes de chorar com extrema eficácia e para mim esta é sua melhor serventia, deixar tudo sair e quando nada mais restar, posso pedir que ele se retire, pra que meus olhos apenas peçam a redenção de todo mal que farei. Sinto que minhas pupilas dilatam e não acho que meu olhar esteja pedindo algo, mas sim deixando um recado.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O tempo fechou e eu chorei

Dias chuvosos com nuvens cinzas definem o meu humor na maior parte da vida, o tempo fechado como um sorriso calado me mostram que na vida nem mesmo as coisas simples são perfeitas. Perfeição que buscamos no amanhecer mas que o tempo nublado não deixa trazer nada. As gotas de chuva caem molhando meu rosto como pequenos dedinhos que fazem um carinho extra na minha alma, fria e solitária, e que a cada gota tenta se sentir amada. O mundo me diz "não" e assim penso que devo desistir, a chuva vem me mostrando que sou água, e devastarei tudo que impede minha chegada. Tento sorrir, e nesse esforço o céu se abre mostrando o sol, ainda envergonhado atrás de umas nuvens, mas não posso forçar tanto, e com minha cara fechada o céu se amarra e desata a cair. Sou tempestade que destrói tudo por onde passa, uma expansão que passa dos limites do céu e busca penetrar nesse véu que está para além de tudo. Começo a me confortar em meio a confusão e tudo que causei foi devastação, mas não vou parar, como um céu que desaba em um temporal, eu vou continuar correndo atrás do que é meu. Mesmo sem sorriso no rosto, a chuva me acompanha disfarçando as lágrimas, escorrendo para minha boca, realçando seu gosto. O céu fechado me ajuda,  carregando amarguras e desgostos para que eu possa usar como esboço de uma vitória tão almejada, assim continuarei caminhando solitário, feito água da chuva que corre desenfreada até o mar. E quando chegar no meu mar, me jogo sem olhar pra trás, abandono todos os hábitos, todos os vícios, para que se abra, junto a um sorriso, a imensidão do céu.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Preciso escrever!

Venho tentando expurgar esses demônios dentro de mim de varias maneiras mas nenhuma tem parecido suficiente, apenas escrevendo consigo extrair com melhor precisão o monstro que há dentro de mim e cada a gota de tinta derramada nesse papel ele parece mais fraco, assim continuo fingindo uma vida tranquila, pois ele nunca vai parar, só vai ficar mais forte e muitas vezes não encontrarei palavras para acalma-lo e nestes mais nefastos momentos me encontrarei face a face com mais meus profundos temores.
Para poder diminuir o impacto disso sobre mim, tentei coisas exteriores para domar este demônio: bebi, fumei, amei, me droguei, transei, usei e abusei e nada foi o suficiente para ele, sempre querendo mais, sendo mais; EU NÃO AGUENTO MAIS e a cada segundo penso em dar logo um fim a tudo isso.
Talvez seja isso mesmo que ele queira, que eu de um fim em tudo para que se liberte. Tento me convencer disso mas parece tão errado pois tenho muito a fazer e não posso terminar agora só porque ele quer. Suas vontades devem ser supridas mas o que ele quer se já fiz tudo o que podia, me cansei de pensar novas maneiras de acalmá-lo.
Por enquanto, escrever continua sendo a melhor saída, mas sei que não tenho nada além disso e talvez seja melhor deixá-lo no comando do que deixar-me ir para o abate, pois o que estaria tomando controle de mim seria então algo que existe em mim e não um outro qualquer que irá apenas aproveitar de tudo que posso oferecer.
Mas enquanto decido quem deve vencer essa batalha, vou escrevendo e criando uma história, para não esquecer o quanto dói não saber o que fazer e lembrar os momentos com um carinho que só as palavras, que acalmam aquilo que há em meu âmago, podem proporcionar.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Thanks for the gifts


Todo ano mesma coisa, a alegria do natal é contagiante, não para mim. Sinceramente a felicidade alheia sempre me irritou. Desde pequeno, tudo que eu queria era ficar deitado na minha cama. Sem um tio chato vir e fazer piadinhas idiotas sobre meu cabelo ou meus piercings, isso que já não pintei meus olhos, só iria piorar. Mas a pior parte, sem dúvida, é fingir estar feliz.
Bem, agora estou mentindo: sinto asco da troca sorrisos falsos entre minha mãe e minha tia (todos sabem que elas não se suportam desde a infância), do meu pai bebendo cerveja como um porco gordo junto com outros tios e a TV acompanhando a final do futebol, das crianças idiotas procurando papai noel pelo céu nublado ou brincando com os cachorros. Do cheiro da comida "especial" que minha vó comprou no mercado e apenas colocou no microondas por meia hora. De como todos mentem para si "Nós amamos isso", "Comemoraremos o nascimento de uma divindade mal construída".
E então, chega a hora esperada por todos eles; a hora da ceia. Lá vou eu engolir a sujeira que servem. Quando cansam, a velha levanta, com muito esforço, e começa a falar para todos em alemão. Mesmo sem entender do que falam, sei que falam de mim porque sou estranho, o estragado, uma desonra para o nome da família, basicamente, sou a ovelha negra.
Apenas porque que penso diferente (na verdade, o único que pensa). Levanto dali e deixo todos com seus discursos de agradecimento pelo ano que tiveram, vou no banheiro colocar a comida pra fora, junto com a angústia. Me tranco no quarto, acendo um cigarro pra tirar o gosto de bile da boca e ligo os fones, ainda assim ouço grito das crianças com seus novos brinquedos tortos. Volume no máximo, e tento controlar todo meu ódio, um trabalho árduo que faço desde que nasci.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Fim(?)

Com medo ele foge.
Foge procurando um lugar seguro e termina em lugar nenhum, permanece trancado no quarto enquanto está perdido em sua mente, se afunda nos pensamentos mais obscuros, resgatando todas as suas dores e medos, tenta esquecer e não consegue; Então explode, grita, chora, destrói tudo ao redor, jogando pra fora todo o sofrimento, ainda assim o vazio continua.
Não sabe se quer acabar com tudo ou se quer seguir em frente, sofrendo de cabeça erguida. A duvida machuca mais que o medo. Que outra forma de preencher então o imenso buraco de decepção e angústia, se não com o alcool? Se afoga nele, mas o alívio não vem. Vai para os remédios, mas estes não são de maior valia. Essa sufocante mistura ferve, fazendo o corpo inteiro queimar.
Aguenta quieto  o que lhe é atirado, como sempre fez, ou fazia. Tudo leva a um ponto, e ele sabe qual. Pega tudo o que tem e toma.
Todos os medos e dores aparecem de uma vez e ele apenas grita, sua unica defesa, a cada segundo tudo parece diminuir.
Por fim se esgota. Começa a sentir-se livre: o corpo antes em chamas agora nem sente mais, sua mente se esvazia de tudo que o atormentava antes e tudo começa a escurecer diante de seus olhos, finalmente percebe que fugiu de tudo que lhe fazia mal e agora esta bem.

domingo, 16 de outubro de 2011

And the clock just... Tic tac.



Não digo que sou a pessoa certa, mas farei o possível pra sê-lo. Serei seu amigo nas melhores e, principalmente, nas piores horas. Estarei contigo nas festas, nas fossas, na bebedeira e até na sarjeta.
Mas como te provar isso se você nem sabe o quer?  Portanto espero, até que perceba por conta própria...
e aqui estou eu, na madrugada, escrevendo esse texto, enquanto aguardo que tome sua decisão.